sexta-feira, 6 de junho de 2014


Arquitecta portuguesa Gracinda Ferreira faz parte dos pré-seleccionados a primeiros colonos ao planeta vermelho, a partir de 2025. 
Por agora, uma viagem destas “não lhe parece real”, nem a ela nem à sua família.

Rezava o livro clássico do escritor H.G. Wells que, em Marte, seres avançados olhavam a Terra com inveja a partir do desértico planeta vermelho, cobiçavam as florestas, a água e todos os recursos do planeta azul e por isso lançaram uma invasão a larga escala. 
Mais de um século depois da publicação de “A Guerra dos Mundos”, os papéis parecem invertidos: são agora os humanos que olham para a face rochosa de Marte e ambicionam fazer do quarto planeta a contar do Sol a sua nova casa.

Em Abril de 2013, um projecto chamado Mars One pediu voluntários para integrarem uma missão de colonização em Marte a partir de 2025. 
Foi uma ideia que apelou a Gracinda Ferreira, de 34 anos, uma arquitecta portuguesa apaixonada de longa data pelos astros. 
Nessa altura apenas lhe foi pedido um vídeo de apresentação em que falasse um pouco de si. 
Dos cerca de 200 mil candidatos apenas 1000 passaram à próxima fase, recentemente, pediu-se aos candidatos que enviassem atestados médicos para confirmar a sua aptidão.
Ultrapassada mais essa fase eliminatória, Gracinda Ferreira está agora entre um grupo de 705 candidatos – grupo esse que conta com mais dois portugueses: André Cipriano e João Carreiro.

Gracinda Ferreira assume que o grande motivo para se lançar nesta aventura foi efectivamente um fascínio de infância com a nossa vizinhança cósmica. 
A arquitecta afirmou ao PÚBLICO que começou a interessar-se “por astronomia mesmo antes de saber o que significava essa palavra, ou antes sequer de saber ler”. 
Descreve tardes de infância passadas a folhear livros sobre astronomia na biblioteca de casa — não sabia o que nada daquilo dizia, mas “perdia horas a ver os diagramas e ilustrações de viagens espaciais”.

André Cipriano, um jovem estudante de Engenharia Civil que também passou à próxima fase, é mais cauteloso: “A perspectiva de não voltar assusta qualquer pessoa, mentiria se dissesse que não estou amedrontado com esse aspecto.”
O estudante lisboeta agarra-se a uma herança de bravura: “Quantas pessoas na época dos Descobrimentos não se fizeram ao mar em busca de aventura, sabendo que muito provavelmente nunca voltariam a ver a sua pátria?”.
 E oferece inspiração via Fernando Pessoa: “Quem quer passar além do Bojador, tem de passar além da dor.”

Fonte: Publico

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